Carreira

Generalista ou Especialista?

Essa é uma pergunta deveras importante em nossa vida profissional, cuja resposta pode variar com o tempo. Não existe certo ou errado, melhor ou pior. O importante é ter clareza sobre sua resposta no momento atual. Para alguns, é uma questão clara como a água. Para outros, um eterno dilema. Eu pertenço ao segundo grupo! Saber tudo de nada ou saber nada de tudo? Eis a questão.

O especialista, ao dizer sim para um determinado campo de conhecimento, fatalmente diz não para quase todos os outros. Pode parecer limitante no começo, mas certamente você não gostaria de passar por um procedimento neurocirúrgico com um profissional que abre cabeças humanas pela manhã e dedica suas tardes à contabilidade, por exemplo. Há determinadas atividades que precisam necessariamente ser desempenhadas por especialistas. E que bom que eles existem.

O generalista, por sua vez, tem a sensação de estar olhando o mundo de cima, ciente de boa parte das novidades das ciências que influenciam sua vida e o mercado onde atua. É uma ótima companhia na mesa de bar, mas frequentemente não passa da terceira página em 90% dos assuntos em que opina. Excelente perfil para gestores, empreendedores, executivos, etc.

Obviamente, senhoras e senhores, o mundo real não é tão extremista quanto às ilustrações dos perfis acima — na prática todo especialista tem um quê de generalista e vice versa. Qual é a regra do jogo, então?

Coletivamente é simples: basta encontrar a dose certa entre os dois perfis para compor uma equipe de sucesso. Um time feito só de programadores dificilmente criará um negócio; um grupo exclusivo de empreendedores terá dificuldades de colocar uma landing page no ar. O equilíbrio é a solução. E individualmente? Como saber qual é a dose certa? 

Existe um conceito que muito me agrada na resposta dessa questão: o perfil profissional T-shaped. Basicamente te torna um especialista em uma área específica e generalista nas áreas que estão mais próximas. O balanço entre ter conhecimentos sólidos em uma disciplina específica e a habilidade de compreender várias outras ao mesmo tempo. Abaixo temos alguns exemplos de T-shape para ilustrar.

Tendo isso em mente, fica mais fácil direcionar os estudos para atingir o shape intelecto-profissional que você busca! 

Só o ato de mapear e desenhar esses conhecimentos já é um excelente exercício de autoconhecimento. Eu, por exemplo, rapidamente descobri que era um grande generalista da vida. Me lembro de uma vez, ainda na graduação — sou formado em engenharia civil —, vi o anúncio de uma palestra na faculdade ministrada por um grande especialista em tintas. Era uma referência nacional em tintas, com doutorado e grandes publicações no assunto. Ao bater o olho no anúncio só consegui pensar numa coisa: que vida chata deve ser a de alguém especialista em tintas. Um grande preconceito da minha parte, mas que expressava o sentimento mais puro naquele momento. Assim que a parte racional assume o controle do raciocínio de novo, sou imediatamente capaz de imaginar a importância de existir alguém assim. Afinal de contas, a minha casa está devidamente pintada e da tinta eu espero a máxima durabilidade. Alguém teve que pensar nisso. 

Por outro lado, quando abandonei em definitivo a carreira de engenharia, enfrentei uma crise profunda causada por “excesso de generalismo”. Como eu passei a não utilizar mais o campo de conhecimento mais profundo que eu havia adquirido na vida, sentia que não sabia nada. E aos poucos fui remodelando os saberes para entender que eu me posicionaria como gestor e empreendedor daquele momento em diante, ao invés de engenheiro. 

Descubra como os seus conhecimentos se distribuem nessa teoria, veja se eles ficam parecidos com um tê, e tome decisões mais assertivas sobre os próximos temas que vai estudar ou se desenvolver. É um movimento para muito além da vida profissional.

Um abraço,

Victor

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